terça-feira, 3 de setembro de 2013

Disclosure - Settle


8,1/10
PMR/Island, 2013


Tomada de assalto por uma onda revivalista como há muito não se via, a cena electrónica britânica vem apadrinhando o recrudescimento de uma safra dinâmica de novos protagonistas que tem nos Disclosure, mormente desde o EP The Face do ano transacto, um dos principais estandartes. De então para cá, e no coro talvez precipitado de aclamação que se ergueu desde a publicação deste Settle, os jovens irmãos Howard e Guy Lawrence assistiram à sagração da sua música na primeira linha da tão ansiada renovação. Se ela é efectivamente lançada é discutível e o tempo será testemunha do que há-de vir; bem vistas as coisas, mesmo não se movendo numa linguagem musical estruturalmente inovadora - é a métrica do house que domina no alinhamento -, as úteis reminiscências de outras eras, agora amalgamadas com inputs mais modernos, produzem uma mescla que tem tanto de pop como de cativante na sua própria versatilidade. Ponto forte: a cadência do disco é impactante, a remeter qualquer ouvinte mais informado para a reconversão de sons julgados extintos ou caídos em desuso e que, afinal, não perderam vitalidade. Nesse particular, os Disclosure têm dois méritos. O primeiro, é o de se assumirem - mesmo que na inconsciência da sua tenra idade (19 e 22 anos) - como fiéis depositários de uma doutrina tão cara à música do seu país. O segundo, e ainda mais importante, o de não se limitarem à mera reverência desse património inestimável e se atreverem a devassá-lo  respeitosamente com um fino recorte de modernidade.

É por isso que mesmo nos momentos em que Settle é mais atávico, nunca chega a soar a erro cronológico. E nem é preciso invocar o extenso rol de colaborações (Jesse Ware, Jamie Woon, Sam Smith, Eliza Doolitle, os AlunaGeorge e Ed McFarlane dos Friendly Fires) para perceber a contemporaneidade do disco. Uns chamar-lhe-ão retro, outros verão nas composições um oportunismo resultadista a pensar nas tabelas de vendas, mas a verdade é que um dos discos mais falados do ano. Talvez não seja a obra magna que precocemente tem feito salivar grande parte da crítica especializada, mas é um produto sólido, fresco e cheio de vida.

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